segunda-feira, 4 de junho de 2012

Sem Ebó não há Candomblé.

Ègbé, acho tão importante este tema que resolvi republicá-lo acrescentando mais informações e ratificando a importância de um Ebó em nossas vidas.
Será que todos sabem o que é um Ebó e suas inúmeras finalidades, e aí pergunto: para que serve o Ebó?


É importantíssimo esse entendimento para quem estuda, pratica e vive o Orixá.Tomar e restituir, propiciar redistribuindo, reequilibrar reestabelecendo uma sintonia com o Axé.
*”…Insistimos muitas vezes-diz Juana Elbein- que toda dinâmica do sistema Nagô está centrada em torno do ebó, da oferenda. O sacrifício em toda sua vasta gama de propósitos e modelidades… É a devolução que permite a multiplicação e o crescimento, Tudo aquilo que existe de forma individualizada deverá restituir tudo que o filho protótipo [Exú] devorou…Cada indivíduo está constituído, acompanhado por seu Exú individual, elemento que permitiu seu nascimento, desenvolvimento ulterior e multiplicação; para que ele possa cumprir seu ciclo de existência harmoniosamente, deverá imprescindivelmente restituir, através de oferendas, os “alimentos”, o Axé devorado real ou metaforicamente por seu princípio de vida individualizada. É como se um processo vital equilibrado, impulsionado e controlado por Exú, fosse baseado na absorção e na restituição constantes de matéria…”*
Respondemos inúmeras perguntas sobre qualidades de Orixás, fundamentos, lendas, feituras, borís, axés,sonhos, procuramos desmestificar e dar coragem ao leitor de interagir e familiarizar-se com essa cultura, porém, sem ebó não teremos religião e essa pergunta ninguém fez: Preciso fazer ebó para tomar um Obí? Eborí? Assentar um Oríxá? Iniciação? Como saber qual ebó devo fazer? Por que tenho que fazer ebó? Quando fazer o ebó?
Em primeiro lugar precisamos acreditar no Ebó e na Iyá ou Babálorixá que prescreveu o Ebó e, principalmente entende-lo, pelo menos ter um caminho de entendimento. Ter a prova concreta de ter feito o ebó e ter melhorado, ou ter se livrado de um perigo, amenizado um situação de queda geral, de acidente, de perigo, de perda, de injustiça, de doença, de mal agouro, de egun, de demanda, de negatividade, etc, etc.
Existem ebós positivos e negativos, aqueles que se dão caminho e os que não se dão caminho, ebós de odú, ebós de Folhas,ebós que são presenteados,èjè, opé àti ìdàpò, ètùtù,ebó Ojú kòríbi, Owaji, Osun, Efun, Yrosún, ebó ayè pínùm,ebó ìpilè,ebó catimbó,ebó ancestral, ebós de Exú, Ikú, Egun, Ebós de carrego, Ebós de Axexê,Ebó Ajeum,kizilas/Ewós, Ebó de Ori Ejó, Ebós de Kamburukú, Fatolú, Ebós de Osé, Ebós de Abikú, Ebó Omim, Ebós de prosperidade,ebó de troca, ebós de lua, sol, chuva, tempo, ebós da madrugada, leiú, ebós de rua de todos os tipos, ebó de cachoeira, rio, mar,cemitério, hospital, banco, praça, delegacia,empresas, igreja,mato, dentro do buraco, na montanha, ebós contra vícios, roubo e ebós e tantos ebós de limpeza e preparação até para abrir um jogo de búzios, ebós para chegar e para sair, pra viver, pra morrer,para mil outras finalidades. Os efuns no iyawo é um ebó de proteção e importantíssimo.
O ebó não espera um dia ser feito, se foi prescrito tem que fazer o mais rápido ou não faça mais, pois ele se apresenta num caminho que pode ser transitório.
O ebó existe permanentemente dentro de um Ilê Axé, no momento que entramos na casa, saudamos a entrada com água para esfriar o caminho, isso é um Ebó.
O Ebó é místico, essa é minha visão, ele tem influências de Exú e Orunmilá e Omolú. Na própria confecção do ebó tem a energia de quem está fazendo, arrumando, tem a energia de quem vai passar, de quem vai levar.
O banho de ervas é um ebó de pai Ossayin e, é de suma importãncia tomá-lo após um ebó, é o sangue verde das folhas, a essência viva da natureza.
Se faz ebó com apenas um ovo, se faz ebó com apenas uma pedra de ofun ralado, com uma pimenta da costa, se faz ebó com a fé nas coisas simples que é a grande sabedoria Yorubá.
Os iniciados no Orixá tomam ebó sempre e para sempre, pois, manter-se limpo é estar em sintonia com seu Orixá, é concebe-lo numa suavidade preponderante em seu axé individual, é dar ao seu Orixá um corpo limpo pra uma manifestação pura.
Òrúnmìlá òjó iku dá.**
Somente Òrúnmìlá muda o dia de nossa morte. (com ebó ikú)
O ebó é fundamental para quem quer manter o equilíbrio vital na convivência religiosa, pois “Sem Ebó não há Candomblé”.

Ary Carvalho**
Juana Elbein*
Fernando D’Osogiyan

O que é Ifá?




Muito se fala de Ifá e poucos sabem o que de fato é Ifá, Somente os devotos de Orunmilá,que é genéricamente conhecido por Orixá do destino, e que, ao se tornarem Babalawos, depois de um longo aprendizado, anguns afirmam levar 21 anos, e provas perante a sua confraria, é que podem fazer divinações, leituras e suas histórias, exemplificando, sempre com clareza aquilo que se quer saber e sendo recompensado por isso.
Ifá era um Sistema de Divinação, originário da cultura africana Yorubá.
Embora a Divinação Sagrada de Ifá não fosse o único sistema divinatório praticado em África, ela era de longe a mais completa e confiável, tendo sido fonte e modelo para vários outros “jogos de adivinhação” que dela foram derivados por simplificação, simbiose e ou, interpretação.
Em contraste com todos os outros tipos de Adivinhação, onde ninguém ousa ou tem meios de contradizer aquilo que o Adivinho assegura “ver”, a Divinação Sagrada de Ifá que denominamos como “Sistema Ifá”, seguia um conjunto regular de normas que enquadrava o Adivinho praticante e, além disso, os seus consulentes conheciam técnicas que pderiam impedir que ele se utilizasse de conhecimentos pessoais sobre eles ou sobre assuntos de suas intimidades, não precisando os consulentes sequer revelar-lhe a natureza do problema ou anseio que os levava a buscar aconselhamento.
O Adivinho que manipulava Ifá era denominado por Babaláwo de Baba ( o pai) + Li (que tem) + Áwo ( o segredo) era a Autoridade Máxima no Central do sistema religioso Yorubá.
Entende-se assim a importância do Ifá para massa de fiéis Yorubá e porque qualquer desvio de seu sistema regular de normas, intentado por qualquer Babaláwo, era criticado por seus consulentes e condenado por seus colegas de confraria.
Técnicamente, o Sistema Ifá baseava-se na manipulação dos Ikins/Coquinhos de Dendê, para a obtenção, ao acaso, de um número Par ou Ímpar de Dendês que, na dita manipulação, restassem na mão esquerda do babaláwo.Os Ikins quando batidos pelo Babalawo é marcado de forma alternada.
Um batida marca na direita, outra batida marca na esquerda. Assim sucessivamente até termos as oito marcas formando o omó Odu ou Olodu. O termo Ikin era designação especial para o EKURO/Caroço do EYIN/fruto da AWPE/palmeira Oleaginosa, conhecida no Brasil como Dendezeiro ou Dendê.

Esta qualidade par ou ímpar era traduzida por sinais gráficos diferentes no Ìyérosún/Pó Branco Consagrado, que era especialmente espargido sobre o Opón Ifá/Tabuleiro de Ifá.
Estes sinais eram conhecidos, genericamente, por Ojú Opón/Olhos do tabuleiro e, individualmente, por Ofú e Òsa.
Os resultados de uma sequência inicial de quatro manipulações eram marcados sobre o Ìyerosún, no lado direito do Tabuleiro, verticalmente, a segunda marca sob a primeira e, sucessivamente, a terceira sob a segunda, a quarta sob a terceira, sempre cada uma delas ao acaso de sua manipulação. Obtinha-se assim a Onã Ifá/caminho de Ifá de um dos dezesseis Odú/Fundamentos de Tradição que, associados aos Esé Itan/ Versos dos contos de Ifá, se constituíam nos Signos-Respostas Básicas do Sistema Ifá.
Estes dezesseis Odù Babá ou Básicos possuíam, cada um deles, denominações, a saber.

“Odús”
1-Ogbé Méjì
2-Òyèkú Méjì
3-Ìwòri Méjì
4-Òdi Méjì
5-Ìròsùn Méjì
6-Òwónrín Méjì
7-Òbàrà Méjì
8-Òkàràn Méjì
9-Ògundá Méjì
10-Òsá Méjì
11-Ìká Méjì
12-Òtùrùkpòn Méjì
13-Òtúrá Méjì
14-Ìretè Méjì
15-Òsé Méjì
16-Òfún MéjÌ


Essas denominações e ordenação correspondiam às mais usadas ancestralmente em Ilè Ifé, ou seja, na Cidade Sagrada dos Yorubás.
A repetição de uma outra sequência manipular igual, sendo as suas marcas Ofú ou Òsa registrados no Pó Consagrado do Tabuleiro, mas à esquerda das marcas do primeiro Odù Básico já lá registrado, possibilita a obtenção de um dos outros duzentos e cinquenta e seis (256) Odùs combinados, passíveis de existir e denominados por Omo Odù (filho de Odù), significando que a nova Oní Ifá é composta pela combinação de dois Odù Baba ou Básico.

Existem 240 Omo Odù também possuíam nomes específicos, formados pelos nomes dos dois Odù Babá ou Básicos de que se compôe, prevalecendo a designação do Odù Babá da Direita como se fora o seu Nome e a designação do Odù Babá da esquerda como se fosse seu sobrenome.
Aiyé atí Okán náa ni -”Vida e morte: Ambas são identicas”
(Máxima da Sabedoria Ancestral dos Yorubás)


Instituição do casamento Yorubá

É contrário à tardição Yorubá não se casar quando é chegada a idade para tal. Atingida a idade considerada ideal, isto é, 30 anos para o homem e 25 para a mulher, a maioria das pessaoas se casam, ainda que muitas vezes com o intento de salvaguardar a dignidade da família ou, no caso dos homens de encontrar alguém que se ocupa do lar. Produtos da vida moderna, entretanto, existem homens que, apesar de prontos para o matrimônio, evitam compromissos duradouros.
Antes da aproximação das famílias dos noivos, é sempre costume o pretendente investigar o estado de saúde dos pais da moça, a fim de assegurar de que eles não sofrem de males como a lepra, a elpilepsia, o alcolismo ou a insanidade.Essas incursões na intimidade dos parentes da mulher visam garantir a paz da vida do casal.
A família do rapaz em princípio escolhe a moça com quem ele vai se casar, mas, aquela só se aproxima da família desta ao se satisfazer com os antecedentes da moça. A aproximação pode ser realizada direta ou indiretamente. A família da moça não tem prazo para responder se aceita ou não o pedido da família do pretendente. Nesse ínterim, os parentes da moça são consultados sobre a pertinência do casamento. Caso não haja anuência para a união, a família responde que a consulta a Ifá Oráculo, foi negativa. Caso contrário, a família da moça dá a conhecer sua aquiescência através de um mensageiro.
A formalização do casamento só dá após o anúncio de ” Ifá fo re” (= Ifá consentiu) cerimônia conhecida por “Ijòhun) (= resposta à voz) ou “Iyinfá (= elogios de Ifá).
Em teoria, o casal não tem direito de mater relações sexuais pré-nupciais, além disso, a moça não deve se encontrar com seu noivo nem com a família deste por nove dias após o início do noivado.
Como em qualquer sociedade, entre os Yorubás existem comportamentos considerados anormais. Homens e mulheres que não se casam na idade adequada e vivem de relações extra-conjugais não são considerados pelo chefe da comunidade.
Com o início do noivado,o pretendente assume algumas obrigações para com os sogros.Em primeiro lugar, obriga-se a dar-lhes uma pequena parcela da produção em geral em época de colheita, além disso, deve servi-lhes como mão de obra para serviços gerais numa necessidade. Por últim, o noivo deve presentear os sogros com dinheiro e bens material e prestar auxilio no caso de morte de paretnte da moça. Ao morrer um idoso, fala-se em “morte alegre”.
O casamnento em si simboliza a conclusão de um contrato entre duas famílias através do qual se confere uma mulher a um homem. Para tanto, afamília do rapaz paga certa quantia em dinheiro que, por exemplo, era de 5 libras até 1918 na cidade de Abeokutá.
Ao se casar, o homem se torna o “oko” (=marido) e a mulher a iyawo (=esposa), designação esta, aliás, que os parentes do rapaz doravante também empregarão.
Na noite em que a esposa se muda para casa do marido, as duas famílias se reúnem. A primeira obrigação da moça na ocasião é pedir ao pai aconselhamento e bânção. Ajoelhada, a noiva ouve do pai os conselhos de como obedecer ao marido e a sua família. Isso feito, o pai lhe augura proteção divina e fecundidade.
Uma vez instalada a esposa, o marido pode passar a primeira noite com ela. Se,entretanto, a mulher não for mais virgem, o marido pode denunciá-la a seus pais e ela poderá ser devolvida pelo marido.
Passados 8 dias na casa do marido, a esposa realiza um trabalho simbólico a fim de demonstrar sua lealdade ao esposo: faz a limpeza dos arredores da casa e trás água para família do marido.
Em princípio, o casamento pressupõe uma união vitalícia, para cuja estabilidade contribui, além do sentimento envolvido, a existência dos filhos. No entanto, a mulher pode se divorciar do marido em situações específicas: se ele se envolver com criminosos, tornar-se viciado ou preguiçoso, contrair uma doença grave.
Se o marido morrer antes da mulher, o irmão daquele é obrigado, se solteiro, a esposá-la e adotar seus filhos, passando a prover sua subsistência. Antes da reunião do casal são feitos sacrifícios pela boa sorte na nova vida.
Desde a ocupação britânica, a instituição do casamento sofreu mudanças. A pesar de ainda não existirem resistências às mudanças, já se instauraram diversas novidades em relação ao matrimônio tradicional. Em 1937 ocorreu a primeira conferência de chefes de comunidade sobre a necessidade de se iniformizar a prática matrimonial entre os diferentes grupos étnicos.Entre outros, fixaram o valor que o noivo devereia pagar para obter o direito de se casar.
Basicamente, introduziram-se 3 mudanças na instituição do casamento entre os Yorubás: a primeira foi a possobilidade de duas pessoas se casarem sem a nuência da família, sem pagamento de dote e sem qualquer formalidade matrimonial; a segunda foi o abandno do casamento forçado de moças em idade infantil, por fim a terceira foi a popularização do divórcio.



Créditos/Fonte: Ary Carvalho e Fernando Ti Òsògìyán
Nigéria- Histórias e Costumes de Michel Ademola Adesoji

Perfil – Mãe Nitinha D’Oxun


Areonithe da Conceição Chagas ou Iyá Nitinha, nasceu na Bahia e é um dos mais tradicionais nomes do Candomblé brasileiro. Filha de Mãe de santo, Mãe Nitinha “fez o santo” aos quatro anos de idade, no tradicional terreiro da Casa Branca, onde nasceu Mãe Nitinha, professora primária e parteira da comunidade, foi Iyakekerê, Iyatebexê, Ojuodé e Iyalorixá em sua casa no Rio de Janeiro, Terreiro de Nossa Senhora das candeias em Miguel Couto na baixada fluminense.
Em 2005, foi escolhida pelo governo brasileiro como representante do candomblé na comitiva multirreligiosa que participou, em Roma, das cerimônias funerais do Papa João Paulo II. Contudo, não conseguiu embarcar, perdeu o vôo por haver chegado atrasada.
Mãe Nitinha se casou aos 14 anos, conseguiu que a família composta pelos filhos naturais e de criação, além de 12 netos, aprendesse a compartilhá-la com os fiéis que tanto a respeitavam.
Em 2000, reconhecida a aposentadoria aos pais e mães de santo, Mãe Nitinha tornou-se a primeira a beneficiar-se com a medida. Morreu em 4 de fevereiro de 2008, quando foi interrada com as vestes brancas e douradas de Mãe Oxun.
Quem conheceu Mãe Nitinha diz que ela seguia à risca os passou ditados por Mãe Oxun, seu Orixá, pois cresceu dentro do terreiro, aprendendo orikís e cantigas. Iniciou-se muito cedo, por isso, sabia conduzir um candomblé como ninguém.
Conheceu o presidente Lulano no Rio de Janeiro e, cerca de dez anos depois, foi escolhida para participar da comitiva ao enterro do Papa João Paulo II. Ao ser perguntada sobre o atraso no vôo, Mãe Nitinha dizia: “O santo mandou ficar”.
Em vida, Mãe Nitinha foi mulher ilustre, importante dentro da comunidade e que se relacionava muito bem com outrs religiões, sempre lutando pelas mulheres “do santo”, tanto que em 2007, recebeu do presidente Lula a “comenda do Rio Branco”.
Mãe Nitinha não era apenas um exemplo de Iyalorixá, tinha poder nas decisões e a magia no olhar, foi incontestávelmente uma das maiores lideranças religiosas no Rio de Janeiro.
Pesquisa: Revista Cultura Afro-Brasileira ” Candomblé”

Perfil – Mãe Cleusa de Nanã

http://baralonanbordado.blogspot.com.br/2012_03_22_archive.html
Perfil de Mãe Cleusa de Nanã
Cleusa da Conceição Nazaré de Oliveira, conhecida por Mãe Cleusa de Nanã — Salvador, foi a quinta Iyálorixá do Terreiro do Gantois. Foi sucedida por sua irmã Carmen de Oxalá, atual Iyalorixá do Àse Gantois.
Mãe Cleusa e Mãe Carmem eram filhas de Mãe Menininha do Gantois, e netas de Maria da Glória Nazareth a terceira Iyálorixá do mesmo Terreiro.
No Gantois, quem assume o lugar da mãe é a filha mais velha, essa é a tradição da casa. Segundo Julio Braga: “Historicamente, o Gantois é um candomblé familiar de tradição hereditária consanguínea, em que os regentes são sempre do sexo feminino”.
Mãe Cleusa construiu toda uma vida longe do candomblé, mesmo tendo se iniciado na religião e ajudado a mãe a comandar o centro por um tempo, não queria ter esse compromisso religioso na sua vida. Casou-se aos 21 anos com um oficial milionário da Marinha de Guerra e com ele teve três filhos: Mônica, Zeno e Álvaro. Viajou por muitos países, conhecendo o luxo e a riqueza. Ao voltar para o Brasil, decidiu sair de Salvador e foi morar na Cidade do Rio de Janeiro, e lá passou a exercer sua profissão, já que estou muito durante a vida e passou no vestibular de Medicina na Universidade Federal da Bahia, e seu primeiro emprego foi na profissão em que se formou, obstetra.
Filha mais velha e sucessora de Mãe Menininha do Gantois no famoso candomblé do bairro da Federação na capital baiana.Culta,determinada,e de uma doçura genética reinou no Ilê iyá Omi Axé Yamassé por nove anos. Morou no Rio de Janeiro por muitos anos.Aniversariava no Natal e, muito generosa,presenteava quem estava à sua volta.Faleceu em 1998 na Boa Terra.
Site:Wikipédia

Abiyan-Ketu/Nagô: Seus Deveres e Responsabilidades.


                                     Abiyan-Ketu/Nagô: Seus Deveres e Responsabilidades
https://www.facebook.com/pages/Quem-%C3%A9-de-Ax%C3%A9-diz-que-%C3%A9/403232606357482

O Abiyan é toda pessoa que depois de fazer uma consulta através dos búzios com o Babalorixá ou Iyalorixá, tenha tomado no mínimo um Obí e tenha um fio de contas lavado de Oxalá..
Os procedimentos e comportamentos básicos do Abiyan:
  • Estar vestido de branco principalmente se a casa for de Oxalá, ressaltando que:
- Homenscalça comprida e camisa branca;
- Mulheres Vestido ou saia/camisa branca;
  • Ao chegar ir direto beber um copo d’água para esfriar o corpo da rua, sem fazer paradas e evitar qualquer conversa;
  • Tomar seu banho de ervas e colocar sua roupa de morin;
  • Bater a cabeça no Axé, na porta dos quartos de Santo; para o Babá/Iyá, “trocar” à benção com TODOS os seus irmãos, sendo por ordem hierárquica (dos mais velhos aos mais novos), de acordo com a ordem iniciada;
  • Perguntar ao Babá/Iyá, sobre a função que deverá fazer na Casa; muitas vezes por ordem do Babá/Iyá, as funções podem ser determinadas pelas Ajoiês (Ekédis) da Casa.
  • O Abiyan deverá fazer suas refeições sentado na ení (esteira), e assim que terminarem, deverão levantar as mesmas e guardá-las. Não devem colocar os pés calçados nas enís;
  • O Abiyan somente poderá dormir em ení, caso se faça necessário terá a autorização do Babá/Iyá para dormir nos quartos dos Orisás;
  • O Abiyan ao acordar não deve falar com ninguém, deve antes beber um pouco de água: isso é para apagar os vestígios ou traços negativos provocados pelo mau hálito;
  • O Abiyan não deve ocultar do Babá/Iyá qualquer tipo de dúvida, problema e mal entendido;
  • O Abiyan não deve fumar na frente de seu Babá/Iyá;
  • O Abiyan nunca fica de pé em frente ao Babá/Iyá e sim agachado, com a cabeça baixa;
  • O Abiyan nunca interrompe o Babá/Iyá quando estiver conversando com alguém. Quando tiver visita no barracão (egbomis, ekedes, ogans, zeladores), seja em dia de festa ou em dia corriqueiro, é correto que os filhos se abaixem próximo a ele para dirigir a palavra. Diz então: “AGÔ” (licença), espera ele dizer “AGÔ YA” e de cabeça baixa falar com ele em tom de voz baixa;
  • O Abiyan não deve passar pelo o Babá/Iyá com a cabeça erguida, e sim um pouco curvado para frente;
  • O Abiyan sempre que for servir o Babá/Iyá, deve-se levar o pedido numa bandeja ou prato e abaixar-se para servir;
  • O Abiyan só deverá entrar nas rodas de Xirê se forem chamados pelo Baba/Iyalorixá;
  • O Abiyan tem suas funções na casa relacionadas à limpeza e manutenção, salvo se for um Abiyan antigo e de confiança poderá exercer outras funções;
  • O Abiyan não tem Orixá definido ainda, por isso é denominado um Abiyan (aquele que está começando em um novo caminho) mesmo que venha de outra casa;
  • O Abiyan deverá sempre pedir “Agô” para entrar e sair de cada ambiente do terreiro e esperar a resposta, “Agô ya” de um mais velho;
  • O Abiyan só poderá ir embora com autorização do Baba/Iyalorixá;
  • O Abiyan não questiona rituais litúrgicos de sua casa, respeita a hierarquia e se coloca sempre no seu lugar;
  • O Abiyan deve aproveitar o máximo este período de aprendizado, humildade e retidão, pois é neste momento que irão refletir quanto a futura iniciação, as responsabilidades do que é ser um Adôxu, um Iyawó.
A vivência no axé, a disciplina, observar o comportamento dos mais velhos, ser verdadeiro com seus sentimentos para com o Orixá, estar despojado de vaidades, e entender que o mais importante não é “fazer o santo e sim saber o porquê de se iniciar para o santo”. Não há pressa para iniciação, Orixá entende e nos concede essa oportunidade de aperfeiçoamento e adaptação, salvo as raras exceções.
Ser um bom Abiyan é estar se preparando para no futuro ser um bom Iyawó e assim como ser for um bom Iyawó é estar se preparando para ser um bom Ègbón.
De: Mônica D’Òsóòsì Iyá Kèkèré do Ilé Àse Òsòlùfón-Íwìn
Foto: internet

Perfil – Mãe Simplícia de Ògún.


Mãe Simplícia, uma guerreira!!!
Na época, em que Mãe Simplícia esteva à frente da Casa de Òsùmàrè, Getúlio Vargas já havia editado o Decreto-Lei 1.202, no qual ficava proibido o embargo sobre o exercício da religião do candomblé no Brasil. A partir da edição deste decreto-lei, cultuar os Òrìsà deixou de ser considerada atividade criminosa. Aos Africanos e afrodescendentes ficou assegurado o direito à liberdade de professarem sua fé.
Mas, infelizmente, não foi bem assim. A repressão e intolerância ao candomblé, em verdade havia se organizado. Para realizar as cerimônias religiosas, os rreiros precisavam pedir autorização e requerer um alvará de funcionamento na Delegacia de Jogos e Costumes, pagando taxas impostas para expedição deste documento.
O alvará de nada adiantava, não oferecia nenhum tipo de proteção, os terreiros continuaram a ser invadidos pela polícia que se tornava cada vez mais violenta. Os praticantes do candomblé continuaram a receber ordem de prisão, sofriam as mais diversas formas de intimidação, a citar como exemplo: autuados eram obrigados a carregar os seus atabaques na cabeça e caminhar até a delegacia.
Embora a Casa de Òsùmàrè já não fosse mais vítima dessas tais batidas policiais, Mãe Simplícia continuava indignada com o sofrimento dos povos de religiões de matrizes africanas, e tomou para si esta luta. E assim, começou sua jornada em defesa da liberdade religiosa.
Neste sentido, seu primeiro passo aconteceu em 1952, no inicio de sua gestão na Casa de Òsùmàrè. O carisma que lhe distinguia proporcionava manter relações influentes. Assim, tomou conhecimento que o presidente Getúlio Vargas, juntamente com o governador Régis Pacheco, o senador Assis Chateubriand, o vice-presidente Café Filho iriam inaugurar o Grande Hotel Caldas do Cipó, no sertão da Bahia. Diante desta informação, articulou-se para realizar a recepção para o presidente e sua comitiva, com o intuito de denunciar a releitura da inquisição contra o Candomblé promovido pela polícia baiana da época.
Nesta recepção, realizada aos 24 junho de 1952, Mãe Simplícia conseguiu a esperada conversa com o presidente e denunciou os horrores que os povos de religiões de matrizes africanas ainda sofriam, reivindicando, assim, os direitos de liberação dos cultos, conforme o decreto por ele sancionado. Uma ação que contribuiu para mudar o cenario vivido na epoca pelo povo de santo.
Mãe Simplícia de Ogun, Simpliciana da Encarnação, Ogun Dekisi, (1922 – 1967), era filha carnal de Maria das Neves da Conceição (Oyá Biyi), foi Iyalorixá do Candomblé Ilê Axé Oxumarê no local antigamente chamado de Mata Escura, bairro da Federação, Salvador, Bahia.
Em 1936 aos 14 anos foi iniciada por Mãe Cotinha de Yewá que depois se tornou sua cunhada por seu casamento com Hilário Bispo dos Santos (Vovô Hilário), irmão de Mãe Cotinha.
Em 1954 aos 38 anos com o falecimento de Mãe Francelina de Ogun, tomou posse como Iyalorixá da Casa de Oxumarê.

Teve cinco filhos: Jutaí Bispo dos Santos, Tânia Maria Bispo da Encarnação, Nilton Bispo dos Santos, Nilzete Austriquiliano da Encarnação e Erenilton Bispo dos Santos, todos iniciados na Casa de Oxumarê.
Descendentes de Mãe Simplícia
Iniciou quarenta e quatro Yawôs: Filhinha de Ogun (Dofona Deusuíta), Leonor de Oxumarê, Elza de Oxóssi, Ana de Ogun, Walquiria de Oxum, Nilza de Ogun, Dó de Ossayin, Cotinha de Oxalá, Deusuíta de Omulu, Pai Pérsio de Xangô, Ana Laura de Ogun, Duzinha de Nanã, Bentinha de Ogun, Rosinha de Obaluaiyê, Zezé de Obaluaiyê, Doroti de Yansan, Ekeji Angelina de Oxóssi.

Mãe era Simplícia e a fama de seu Orixá Ogum Dekisi, era conhecida por toda a cidade de Salvador. Pessoas de todos os lugares do mundo vinham até a Casa de Oxumarê para ter a honra de receber um abraço desta divindade de força tão presente.
Casa de Oxumarê.