sábado, 17 de março de 2012

A Religião dos Òrísás entre os Yòrúbás

 

Entre os Yorubás, religião é um problema complexo. Um estrageiro que se interessasse pelo assunto encontra múltiplos objetos de culto. Trata-se da representação dos famosos Orixás.
Todos os Orixás são visualizados como seres humanos e possuem uma origem terrestre. Exú, por exemplo, é originário da cidade de  Igbeti; O Orixá Okô descende da cidade de Irawò; Ogun vem da cidade de Ilá; assim por diante.
Após a sua morte, um homem pode se tornar um Orixá para seus filhos, que passam a cultuar sua memória. O fundador de cada família, por exemplo, sempre se transforma num objeto de culto para seus descendentes. Alguns homens por ser valor pessoal, tornan-se Orixás cultuados por toda nação. De heróis locais passam a heróis nacionais.
A maioria dos cultos a Orixá são circunscritos a comunidade local, sendo muito pouco de importância nacional. Os Orixás locais são considerados heróis do grupo que os venera e são identificados por sua natureza, característica do território em que são cultuados. As classes principais dos objetos de culto são os rios e os montes. Um exemplo de monte cultuado a nível local é Oke Ibadan, cujas cerimônias se realizam atualmente na cidade Ibadan, um dos maiores centros do país, situado ao norte de Lagos. No dia do culto, não se acendem fogos.
Um exemplo do herói elevado a categoria de Orixá e cultuado pelo povo de Ijesá é Oba Logun, que, segundo a tradição, salvou aquele povo dessa cidade contra inimigos de Nupê.
Há, entretanto, alguns Orixás cultuados por toda a terra dos Yorubás, sendo os seis mais importantes: Ifá, Exú, Obatalá, Ossanyn, Ogun e Xangô., que também são venerados em outros países pelo mundo.
A religião da família constitui-se de vários cultos. Uma vez por ano cultuan-se os espíritos mortos. Às vezes,  por sugestão onírica, realizan-se sacrifícios. O sentimento de um antepasado é formado por vários objetos usados por ele e se localiza onde está enterrado. Este local se denomina “Oju ibo” (local de culto). As famílias costumam venerar os genitores, fazendo-lhes sacrifícios sobre suas sepulturas.
Além do culto aos antepasados, as fanílias veneram outros Orixás, como Exú, Ifá, etc. Muitas famílias veneram um Orixá particular, chamando de Orixá da família. Pode-se adorar, por exemplo, irmãos gemeos falecidos. Quando a morte de um gêmeo, sucede-se uma doença ou estado de mal humor, faz-se necessário construir a imagem do morte e oferecer-lhes sacrifícios. O local para sacrifícios chama-se “Ibùmu”. Segundo a tradição, após a morte de gêmeos a mãe deve evitar a procriação por um bom tempo.
A veneração de um Orixá particular por uma família é muitas vezes circunstancial. Quando, por exemplo, um raio mata alguémde uma família na qual exista um sacerdote de Xangô, é costume os outros sacerdotes do mesmo Orixá realizarem alguns rituais  na casa do morto. Outro membro daquela família, então, é imediatamente iniciado no sacerdócio de Xangô.
Ser de Orixá significa ter sido escolhido entre os antepassados para objeto de culto, dessa forma, é muito improvável que algum Yorubá não cultue Orixá. A maioria das pessoas veneram, pelo menos, Ifá-Orunmilá, Orixá universal pelo menos a cada 5 dias. As mulheres tem o hábito de cultuar o Orixá Orí, que é o orixá da sorte. Quando a noiva deixa a sua casa para dirigir-se ao marido, reverencia o Orixá Orí, de forma a ter sorte no casamento. Os símbolos desse Orixá, entre os quais 41 búzios agulhados conjuntamente, são mantidos em seu santuário.
É importante ressaltar que uma mesma pessoa pode cultuar mais de um Orixá, dentre os cerca de 400 existentes. Alguem que cultue o Orixá da selva, por exemplo, pode igualmente venerar Oxóssi ou Ogun. Considera-se que eles liguem uns aos outros.
Por fim, pode-se dizer que a associação de alguns orixás a elementos da natureza não implica em que os crentes se identifiquem com estes no momento do culto. Na prática veneram a memória desses Orixás enquanto homens que viveram sobre a Terra em tempos remotos. A associação desses Orixás à natureza foi portanto ocidental. Quando Oyá é cultuada, por exemplo, pensa-se em suas habilidades,  enquanto mulher, de emitir fogo pela boca; ao cultuar Oxun, não se rende homenagem a rio que leva seu nome, mas a mulher que um dia transformou-se em Orixá. Assim, os cultuadores de Xangô o invocam menos com o propósitpo de venerar o raio ou trovão do que honrá-lo pelo homem que fora, capaz de empregar esses recursos naturais.
Pesquisa do texto de Ademolà Adesojí- Do livro Nigéria História-Costumes- Cultura do povo de língua Yorubá e a origem dos seus Orixás.

                                                                                 Por Fernando D'Òsògìyán

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