sábado, 17 de março de 2012

Perfil - Mãe Olga do Alaketú

Ègbé, a idéia do post é homenagearmos as grandes Iyalorixás do Brasil, sacerdotizas que fizeram e fazem a história do candomblé brasileiro e, para começar, ninguém melhor que uma descente da familia real Arô do Ketu em Benin Nigéria.

Perfil – Mãe Olga do Alaketu.

Olga Francisca Régis, nasceu em Salvador, Bahia, em 1925. Filha de Dionísia Francisca Régis, descendente da princesa Otampé Ojarô da linhagem da família Arô, do antigo reino Ketu, Benin África ocidental. Mãe Olga do Alaketu como era conhecida faleceu no dia 29 de setembro de 2005, foi a quarta Iyalorixá na sucessão.
A princesa Otampé Ojarô recebeu no Brasil o nome cristão de Maria do Rosário Francisca Régis, e foi um mito na fundação do terreiro.
Otampé foi sequestrada no final do século XVII, aos nove anos de idade por soldados daomeanos juntamente com sua irmã gemea Obôko Mixôbi e ambas foram vendidas a traficantes de escravos. No Brasil, foram compradas no mercado de escravos aos 16 anos e alforriadas. Otampé teria voltado a África , se casado e posteriormente voltando a Bahia seu marido adotou o nome de João Porfírio Régis. Ao chegar a Bahia arrendou um tereno na antiga Estrada do Matatu Grande, fundando o Ilê Maroiá Láji, casa dedicada a Oxumare até os dias de hoje.
Filha de Oyá com Irôko, Mãe Olga sempre dizia que os Orixás são seus educadores. MÃE OLGA DO ALAKETU- 79 anos

INICIAÇÃO: 79 anos
Filhos carnais: 12
Filhos iniciados: mais de 100
Orixá: Oyá
Mãe Olga do Alaketu, criada de acordo com os costumes africanos, foi iniciada aos 12 anos de idade, no Ilê Axé Maroiá Láji, em Matatu de Brotas. Antes de ser iniciada no candomblé, trabalhava com pintura, tecelagem e bordados. Aos 79 anos, a yalorixá passa seus conhecimentos a filhos, netos e bisnetos.
A mãe-de-santo conta que, em paralelo ao candomblé, teve também uma criação católica e sempre freqüentou a Igreja. “Eu fui batizada e crismada, e minha tia foi criada em um convento”, explica.
Mãe Olga teve 12 filhos biológicos, mas apenas seis estão vivos. Eles sempre acompanharam a mãe nas tarefas do candomblé e cresceram seguindo a religião. Foram iniciados ainda criança e todos ocupam cargo no terreiro. “Minha relação com eles, dentro do axé, é de acordo com as regras africanas. Em casa, eles tinham obrigações com os estudos e com o trabalho”, explica.
No candomblé, a yalorixá diz que não existe diferença na maneira de amar e tratar os filhos biológicos e os filhos-de-santo. “Uma yalorixá deve ter tanto amor pelos filhos-de-santo quanto por aqueles gerados por nós. Sempre peço a Deus por todos eles, que tenham saúde, paz e prosperidade, em qualquer lugar”, diz mãe Olga. “Os orixás são meus educadores. Foi para eles que vivi 79 anos e ensinei a meus filhos a acreditar na força de Deus e dos orixás”, explica.

Educação
A Iyalorixá compara a forma que foi criada, na década de 20, com a educação dos dias atuais. Mãe Olga conta que foi rigorosa com a educação de seus filhos e critica a educação dos jovens na atualidade. “O dever de um filho é obediência e respeito aos pais, o contrário do que se ver hoje. Os valores estão se perdendo com a criação moderna”, diz.
Mãe Olga alerta para os pais terem mais cuidados com os filhos. “A violência está cada vez maior. Não se deve privar a diversão, mas é preciso saber para onde vão e com quais companhias”, afirma. “Peço que tenham fé nos orixás”.

Mãe Olga recebeu das mãos do então Ministro da Cultura Gilberto Gi e de Mãe Stella de Oxóssi, o Prêmio Opaxorô no ano de 2003.
Sites: Mãe Olga do Alaketu.

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