quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Jàgún - Òrìsá Guerreiro Fùnfùn, da Familia de Òbàtàlá !!!

Jagun Orisá Agbará Esé Egi Iroko

Segundo as lendas e itans, conta-se que Jagun, era Guerreiro dos Exércitos de Obatalá e que foi enviado às Terras de Omolú para lutar pela páz em nome de Osalá. Por isso, ele é cultuado em algumas nações como “Qualidade de Omolú”, por ter passado vários anos em terras de Omolú.  Trata-se de um Orisá Funfun, pois o culto a Jagun nasceu no Ekiti Efon, por esse motivo Jagun é cultuado no Asé Efon como um Orisá separado de Omolú. Antes dele ter ido para as terras de Omolú já existia seu culto no Ekiti, onde era sua terra natal. Assim também conta seus itans que Jagun teve passagem não só nas terras de Omolú, mas também nas terras de Ifé (Terra de Ogun) e Elegibô (Terra de Osayan). Pela ordem do meridilogun, Jagun responde no Odú Ejionilê (oitavo Odu) Odú regido por Oxaguiã, Odú no qual também respondem outros Guerreiros Brancos como Ogun-Já e Osogiyan-Ajagunnan. Pela ordem de chegada dos odus, o culto a Jagun nasceu no Odu Okaran.
Os filhos de Jágun, tem aparência jovem, são autoritários, arrogantes, guerreiros, justiceiros, briguentos e agitados, fortes na adversidade, costumam fazer tudo à sua maneira, ouvem conselhos dos outros, mas costumam seguir sua própria vontade…São pessoas trabalhadoras, gostam de tudo rápido, exigem asseio, limpeza; são pessoas impulsivas; pessoas de espírito livre; enjoam de tudo facilmente; são dados a paixões violentas e passageiras, são curiosos, adoram viajar. Possuem grande proteção espiritual, boas amizades e, quase sempre, caminhos abertos. Possuem comportamento delicado, são honestas, dedicadas e atenciosas. Vivem com grandes esperanças, estão sempre apaixonadas, são sonhadoras, sofrem e se desdobram para ajudar e defender os amigos. Quando são repudiados ou sofrem algum tipo de traíção podem se tornar extremamente vingativas e amargas. Apesar de serem guerreiras e obstinadas, as pessoas de Jágun, às vezes se isolam preferindo ambientes calmos e tranquilos. A personalidade dos filhos de Jágun é um misto de caracteristicas de Ogun, Omolú e Osogiyan.

Jágun, é uma palavra Yorubá, e significa: Guerreiro, Soldado.

Jagun é um Orisá ambicioso, luta para conquistar posição alta sem ver de que maneira…Apesar de ser Orisá Funfun (branco), é considerado e cultuado como Santo de Guerra, “santo quente”, carrega uma lança prateada na mão e um facão ao adaga e muitas das vezes dependendo do caminho de Jagun ele usa até um ofá nas mãos,pois conta se um itan que Osalá o nomeia como o guerreiro de todas as armas veste-se somente de branco. Usa contas brancas rajadas de preto e dependendo da qualidade, intercalada com contas brancas, gosta também de contas feitas de buzios e marfin. Jágun é Orisá Jovem,quase chega ser um menino adolecente de Obatalá .. Ligado a Obatalá (Rei no pano branco ), tem caminhos com Ogun Já, Osogiyan – Ajagunnan, e Ayrá. Tem caminhos também com Yemonjá e quase todas as Yabás, pois elas acalmam sua fúria.Quem traz Jágun ao barracão é Osogiyan. Ele é considerado o “protetor” e “guardião” de Osolufan. Carrega consigo o Odú Ejionilê. Por ser considerado Orisá Funfun (branco) não leva azeite de dendê, e sim azeite doce , banha de ori, adin e as vezes mel e de preferencia a banha de Ori, suas comidas são todas brancas, aceita pipocas feitas na areia, bolas de inhame cozido, bolas de arroz, acaçá, obí funfun (claro), come também do Ebô (canjica) de Osalá, assim como seus bichos também devem ser todos brancos, por ser ligado ao rei do pano branco (Obatalá ). Jágun dança com outros Orisás, acompanha na dança; Ogun e principalmente Osogiyan e Osolufan. A dança de Jágun é extremamente guerreira, começa com movimentos lentos, dança empunhando sua lança e adaga, seu momento de “êxtase” é quando salta e se sacode todo empunhando a lança de um lado para outro, tamanha é sua fúria guerreira nessa hora. Segundo as lendas, a lança prateada de Jágun, durante as batalhas e guerras, além de ser usada para proteção contra os males e feitiçarias e abrir os caminhos, deixava seus inimigos cegos após serem feridos por ela. Jagun, assim como Ogun, é um grande caçador, e por sinal foi ele quem ensinou seu irmão Oxóssi a caçar. Ele nao deixa também de ser um guerreiro, assim é Jagun, um grande guerreiro mas também um grande caçador. E algumas de suas cantigas relatam isso.
Conta o itan de Ogi-Ogbé/Okaran que existiam três irmãos: Já, Jágun e Ajagunãn. Eram três Guerreiros que pertenciam aos exércitos de Obatalá, lutavam e venciam todas as guerras e batalhas em nome de Osalá e eram os Guardiões deste Orisá. Eram chamados de Guerreiros Brancos, por se vestirem somente com trajes brancos em homenagem a Obatalá. Eram considerados invencíveis, por sua bravura e coragem, nunca perderam uma batalha sequer. Sempre muito unidos, nunca se separavam. Mas um belo dia, os três irmãos guerreiros, foram guerrear contra a cidade de Osun. Osun com a grande sabedoria dos poderes de Ya mi, foi avisada que seu reino seria atacado. Osun ficou desesperada e foi até Ifá para saber o que faria. Orumila mandou ela fazer um ebó,  sacrificar oito Igbis à Osalá e com o casco fizesse um pó e soprasse nas terras de Osogbo. Assim Osun fez, quando os guerreiros chegaram para invadirem as terras, eles ficaram tontos e se perderam um do outro. Aí que Jagun foi para as terras de Omolú, Já para as terras de Ifé Ogun, e Ajagunna para as terras de Osogiyan. Mas mesmo assim, os três irmãos sempre estão juntos, respondem um pelo outro, eles continuam a ser Guerreiros Brancos, ou seja, são considerados Orisás Funfun, e sempre ligados a Obatalá, seus caminhos se cruzam…os três irmãos Guerreiros continuam nas batalhas, sempre guerreando pela Páz. Deram essa característica guerreira aos seus filhos. É por isso que o culto a Jagun foi assimilado ao de Omolú, sendo que depois disso conta o Itan que ele viveu alguns anos nas terras de Omolú e que lá encontrou uma linda mulher que também nao era das terras, mas estava lá por outros motivos, e se apaixonou por ela, tiveram filhos e se amam até hoje, e essa linda mulher era Yewá . Lá, ele se juntou com o Orisá Osayn e passou a ser um grande curandeiro, e em tempos de guerra ele cuidava dos guerreiros feridos com as porções e ervas mágicas que Osayn o ensinou. Jagun teve uma trajetória muito grande e bonita nas terras de Omolú, mas depois de anos retornou as terras do Ekiti-Efon, onde Osun era rainha e Osogiyan grande guerreiro e protetor do palácio e cidade de Osun. Conta-se também que Jagun foi às terras de Osogbo, para destruir a cidade e buscar Osun, pois Osun tinha sua cidade onde era rainha Ekiti Efon, entao por ordem de Olooke ele fui buscá-la. Depois disso tudo ter acontecido, Jagun viveu anos nas terras de Omolu, Osogiyan trouxe Osun de volta para Ekiti-Efon, por isso muitos acabaram se equivocando ao falar que foi Osogiyan quem deu as terras de Ekiti para Osun, mas nao foi isso que aconteceu, ele apenas trouxe Osun de volta a terra onde ela nasceu e era dona junto com Olooke seu pai. Orisá Olooke vendo o prejuizo que Jagun teve e o tempo que ficou em outras terras, por causa de seu pedido de buscar Osun, intitulou Jagun Olu Efon (Guerreiro senhor de Efon), para retribuir o tempo que Jagun ficou afastado de sua terra que tanto amava (Ekiti – Efan). Orisá Jagun foi muito confundido com o culto à Omolu e Obaluaye, e foi por esse motivo que muitos de seus fundamentos se perderam, mas graças a Olorum e ao Asé Efón, está sendo resgatado todos os preceitos e orôs..Jagun possui caminhos próprios, como Jagun Odé, Arawe, Agaba e outros..Jagun um Orisá exclusivo do asé Efon, mas que foi migrado para as terras de Gege Mahí e Ketú….Jagun é um lindo Orisá de grande valor no Asé Efón, lembrando que o culto à Jagun no Efón (efan) é separado de Obaluaye….

Aqui vamos relacionar alguns caminhos de Jagun ...

Jagun Arawê, ligado a Ossayn e Oxaguian
Jagun Igbonan, ligado a Ayrá,Oya e Obá
Jagun Algbá, ligado a Exú, Oxaguian, Oxalufan e Oxun Yeye Ayalá
Jagun Odé, ligado a Odé Inlé, Ogun Jáe todos os caçadores
Jagun Agbá funfun, ligado a Oxalufan, Iyemanjá e Oxun
Jagun Seji Onan ou Ajoji, ligado a Exu e Ogun
Suas folhas: Akoko, algodão, saiao fortuna. folha de obi, folhas de iroko , folhas oguegue e todos folhas de Oxalá…

Orins T’Jagun :
(cantigas de Jagun)

Jagun Abagbá Jagun Abgbá
Arawrá ae
Arwrá ae
********************
Já,Ajagun,Ajagunan
Pele já ae
Ja, Ajagun, Ajagunan
Pele já ae
*****************
Jagun Olu Efón
Jagun Olu Efón´
Jagun Efón Jagun Efón
***********************
Awure Babá Jagun
Awure Babá Ajagun o

terça-feira, 22 de novembro de 2011

A Psicologia/Peonagem/Conceitos do Povo Yorubá.



  

O Yorubá é afável, e dispõe de saudações para cada ocasião, para os amigos, conhecidos, etc. O homem deve se prostrar diante de uma pessoa mais velha, enquanto uma mulher deve se ajoelhar.
Saudar faz parte do código de ética, incluindo a doentes, lesados, etc. Quem não procede dessa forma é considerada uma pessoa má e que não tem sentimento com os outros. Também é mau hábito oferecer algo com a mão esquerda. Quando uma pessoa se refere ao pai ou à mãe de outro, deve dizer apenas “pai ou mãe”. Usar a expressão “sua mãe” é considerado um insulto. Disso poderia resultar até numa briga corporal. Tão pouco se pode ofender as mulheres estéreis, Ao se discutir com uma pessoa mais idosa, deve se abaixar a cabeça , sendo-se mulher ou homem. Estou contra as opiniões dos ingleses que mal compreendido que é uma cultura como covardia e insinceridade. É errado atribuir, como o fazem os ingleses, uma aura de covardia aos costumes Yorubás. Trata-se de formalidades tradicionais.
Os Yorubás cooperam uns com os outros como podem, há um provérbio segundo o qual “quando há alguém por perto, não se gastam suas próprias energias”. Um homem que sente uma coceira nas costas pode chamar alguém da família ou amigo para ajudar.

Se um Yorubá vê uma pessoa vestida de maneira estranha, ele imediatamente informa, até pode ajudá-la a ajustar a roupa. Na Inglaterra, por exemplo, o costume não permiti a um homem dizer ao outro que seu chapéu está mal colocado. Nesse particular, os Yorubás são bastante extrovertidos.
A hospitalidade faz parte do bom caráter de uma pessoa. É o costume para uma pessoa que está almoçando ou jantando convidar o visitante. Se a comida não for suficiente para ambos, a esposa preparará um prato adicional.
É também comum dar presentes para a família de um morto como contribuição para ritos funerais. Presentes são dados igualmente a uma moça quando se casa. Uma pessoa voltando de uma viagem se sente na obrigação de trazer presentes aos amigos e às famílias. Similarmente, quando uma pessoa está pronta para viajar, recebe presentes de todos os lados para distribuir àqueles que encontrar. Vê-se portanto que os Yorubás são particularmente sociáveis.

O Conceito de Propriedade

Apesar de ser frequente a solidariedade entre os Yorubás, que se manifesta no empréstimo de bens pessoais e na divisão de alimentos entre amigos, existe uma concepção clara de propriedade privada, não sendo bem visto o coletivismo. No entanto, há alguns exemplos de propriedade conjunta de terra, os quais não têm dado bons resultados devido ao individualismo do Yorubá.
Efetivamente, desde cedo é dada ao filho Yorubá a oportunidade de adquirir seus bens particulares. O dinheiro que recebe por ocasião de seu “ikojade” (aniversário) é utilizado em parte para a compra de animais domésticos. Ao crescer, o indivíduo se orgulha de possuir uma propriedade particular. Um filho que trabalha com o pai sempre recebe uma porção d terra para seu próprio benefício.
Dessa maneira, violar a propriedade constituída, desde o período pré-colonial, crime grave. Roubo, por exemplo, era punido por chicotadas quando realizado pela primeira vez. Na segunda vez, mutilava-se um membro do assaltante, no mínimo, passava-se pimenta no local do corte. Muitas vezes o ladrão era vendido por sua família, quando seu caso fosse crônico. Teoricamente, o roubo era condenado por pena de morte; na prática, era comutado por pena mais leve. Um indivíduo que mantivesse um antigo roubo era castigado como se fosse o próprio ladrão. Há um provérbio Yorubá segundo o qual “o ladrão de uma garrafa de óleo de dendê não é aquele que a rouba, mas aquele que a adquire”.
Roubo de domicílio era geralmente castigado por pena de morte. Apenas os marginais pertencentes a famílias influentes tinha a possibilidade de escapara da morte, mas deviam assim mesmo abandonar a cidade para sempre.
A prática do feitiço como forma de derrubar o proprietário de um terreno é muito incomum, implicava muitas vezes em morte.


Sistema de “Iwofa”

A prática da peonagem (Iwofa) entre os Yorubás é um costume interessante. Assim o denominamos por não se assemelhar nem à escravidão nem à vassalagem em suas diversas formas. Iwofa ou peão é o indivíduo que submete a outrem como garantia de um empréstimo recebido até que este seja restituído com juros. O mutuário não serve apenas como garantia de empréstimo, mas também produz de forma a pagar sua dívida. A instituição de peonagem não está restrita ao indivíduo que assume uma dívida. O Iwofa pode ser um filho ou um neto da família que então passa a servir o credor e sua família até que a dívida seja saldada com juros.
Quando Iwofa é uma mulher solteira e mora com seu patrão, este pode tomá-la como esposa para auxiliar nos trabalhos domésticos e, eventualmente, na fazenda. Entretanto, algumas leis protegem as mulheres do abuso sexual por parte dos patrões. Um homem que force relações com uma “Iwofa” perde o empréstimo feito em nome dela ou de sua família. Se a moça for noiva ou casada, o patrão deve pagar pelos danos ao noivo ou esposo. Por fim, se o patrão desejar casar-se com a moça agredida, deve ainda pagar o preço do matrimônio. Apesar de um escravo ser teoricamente mais rentável que um peão, a prática demonstra que o patrão consegue extrair mais trabalho deste, sendo a peonagem, portanto, um ótimo investimento.

Bibliografia: Ademola Adesojí – Professor de História e Costumes da Cultura do povo Yorubá